A fine spring morning

É estranho quando você de repente se torna uma das pessoas que costumava criticar; mas é bom também, porque você deixa de ser tão xiita, de se achar tão superior.

Se tem algo que eu gosto de fazer é tentar entender os pontos de vista alheios. Não gosto de julgar, de ter posições absolutas, de ser radical: ouço com cuidado o que as pessoas tem a dizer sobre convicções, sentimentos, experiências. Isso não necessariamente quer dizer que eu vá mudar de opinião, óbvio; mas é bom ter no que pensar e rever o porquê de você acreditar nisso ou naquilo.

É que às vezes, mesmo sem querer, a gente se acomoda com o que tem, se acostuma a achar que a vida é aquilo e pronto, não vai mudar nunca. Em vez de tentar mudar as coisas, você se apega ao que já é conhecido e não oferece risco. Por medo de se machucar (de novo), acaba se protegendo das coisas boas também. Mas a inércia pode ser quebrada e as expectativas, subvertidas. Pode ser que seja uma mudança de cidade, uma catástrofe, uma doença, a perda de algo ou de alguém; pode ser também que seja uma pessoa, que inesperadamente te joga informações um tanto difíceis de processar.

É difícil mudar alguns comportamentos, algumas atitudes cultivadas por muito tempo; mas é bom começar a pensar em possibilidades.

ouvindo: 'Deed I do, Blossom Dearie.
(Ouçam Blossom Dearie, que é lindo. Sobretudo pra quem gosta de mocinhas cantando jazz, fica a dica.)

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