Lá fora o nevoeiro que deixa tudo embaçado; tudo meio embaçado aqui dentro também. Perdi o foco; não consigo ajustar. Continuo com aquele choro entalado, aquela falta de concentração, aquela indiferença, aquela vontade de passar uma tarde conversando com alguém, um amigo pra quem eu não tivesse vergonha de contar o que realmente se passa - as pessoas aqui parecem felizes e distantes disso (ou talvez só disfarcem melhor), não me sinto à vontade.
Como naquela música do Rush, my ship isn't coming and I just can't pretend. Fico calada, ignoro compromissos e convites, desligo o telefone, visto o pijama e durmo. Ou fico à deriva na internet, ignorando provas e livros, olhando fotografias bonitas e lendo coisas que doem no peito, ouvindo músicas que lembram saudades, corações partidos, planos frustrados, decepções e amores não-concretizados.
E aí você sabe que algo tá indo errado quando você mora sozinha e às vezes te dá uma vontade de fugir. Fugir desse silêncio, desse vazio que grita como um zumbido nas orelhas. Sair correndo na rua até que os pulmões explodam, as pernas amoleçam, os olhos escureçam; até o corpo não agüente, tentando transformar em puramente físico algo que não é. Sendo que muitas vezes essa vontade é de fugir pra casa, aquele lugar agridoce feliz inconvenientemente instalado no meio da cidade de onde você tanto lutou pra sair, mas onde, por lo menos, as pessoas te abraçam longamente, com força, com vontade.
ouvindo: Stability, Death Cab for Cutie.
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