Passar um sábado cheio de possibilidades em casa por estar muito rouca e com a garganta doendo e com um nariz de chafariz não era o que eu tinha em mente uns dias atrás. Tudo bem. Foi bacana para pensar : um clima de ano começando, sabe? E não deixa de ser.
Esquecendo essa agonia no peito, a de angústia e a de tanta tosse, infiltro na cabeça um pensamento de vida mais laranja : ânimo e vontade. Não quero mais me permitir continuar tão imóvel e conformada, suprimindo questionamentos para me fingir completa. E, principalmente, quero que isso seja uma coisa de todo e cada dia, não apenas pontual em dias específicos e fugazes.
Crescer dói um pouco, não é como se fosse apenas ganhar coisas boas o tempo inteiro. Pelo contrário, e meu rosto sabe quantos tapas já levou. Tento então aproveitar o momento e pensar, agora já sem tanto deslumbramento, nas oportunidades que ainda hão de chegar : para essas, olhos abertos, vontade de se jogar e alguma força. Porque o zunido agudo no ouvido, quando tudo faz silêncio, me conta histórias incríveis, só preciso acreditar nelas.
Além de uns poucos momentos de insegurança pública a que me permito, estou dona de mim como nunca. Faço sentido sozinha e isso ninguém me tira. Só não tente compreender, tudo isso é humano / contraditório / complicado / bonito demais. Nem eu sei até que ponto me disponho e me retraio, me engano, estou certa e argumento, deixo ir, reivindico e fujo, tangente : isso já é tão intrínseco, essa confusão e esse desatino, essa mistura de cores e sentimentos.
Acho que tenho cara de caleidoscópio.
ouvindo: Hanasakajijii Four: A Great Wind, More Ash, Anathallo.
lendo: O quieto animal da esquina, João Gilberto Noll.
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