Antes eu escrevia com frequência e isso era algo que me fazia bem. Por motivos vários, que vão desde falta de tempo a falta de disposição, deixei que o hábito de falar morresse e, agora, que tenho um monte de coisas que queria gritar para o mundo, não tenho como. Numa tentativa desesperada de voltar a mexer com palavras, poderia tentar escrever um poema que diria:
às vezes
queria que
sangrar como uma torneira aberta
fosse a solução para todos os problemas.
comprimidos para dor
[contra a dor?]
adiantam,
mas não de todo.
12h dormindo não são suficientes
- 24h, três dias ou mesmo mês não o seriam -
para aplacar o turbilhão
que me toma de assalto.
[mas às vezes um abraço é]
é tratamento paliativo
para sintomas agudos
de problemas repentinos
- mas e a causa?
a raiz de tudo,
ali fincada
no chão,
na pele,
no fundo do seu cérebro,
como se resolve?
[não sei.]
ataques de pânico,
chorar no meio da rua,
querer morrer de leve:
trabalhamos.
[mas se você trabalha comigo,
alterna turnos,
rende meus plantões,
compartilha a folga do almoço,
aí então as coisas ficam melhores.]
ou um outro, ainda:
mesmo que não fossem meus
aqueles planos,
ainda assim não era fácil abortá-los.
mas escolhi
a beleza e a agonia
de me saber livre
para decidir
o que fazer
quem seguir
como agir
no que acreditar
- mesmo que isso seja não crer
em salvadores
em vidas melhores [passadas ou futuras]
em espíritos sem corpo
em fé
em nada.
Talvez devêssemos voltar a praticar.
ouvindo: música, Grizzly Bear.
3 comentários:
saudade de ler (ver) seus pedaços espalhados por aí. nosso aniversário chegando né? logo mais esse inferno astral acaba.
te amo, saudades
volta (:
devia escrever mais, devia aparecer mais. vamos, vamos. ir praticando.
também tô engatinhando, lutando com as palavras que querem sair.
cê faz bastante falta. :*
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