Uma amiga, que é hipocondríaca assumida, minha tinha essa ideia de um hotel-hospital: um lugar meio spa, onde você se hospedaria durante alguns dias e teria à sua disposição uma equipe completa de saúde, nutricionista pra te fazer comer direito, educador físico pra te incentivar a perder aquela barriga que não fecha na calça, psicólogos e psiquiatras pra saber se aquilo realmente é coisa da sua cabeça, médicos de todas as especialidades, requisitando todos os exames que você possivelmente poderia precisar, todas os seus hormônios mensurados, suas ondas cardíacas checadas, sua capacidade pulmonar conferida, o bom e velho raio-x mostrando sinais escondidos nos seus ossos, quem sabe uma tomografia e até um cateterismo esperto pra ver se suas artérias não estão nem perto de entupir. Tudo, tudo concentrado num lugar só, que tivesse um jardim bonito e uma cachoeira ali por perto, pra dar aquela limpada nas energias.
Talvez isso até exista em algum lugar. Eu acho até que, se não fosse a falta de dinheiro ou toda a questão de princípios envolvida, até eu ia querer montar um empreendimento desses, que não condiz com as coisas que eu aprendo sobre boa gestão dos recursos e otimização de procedimentos de saúde, mas eu entendo, sabe?
Porque nesses dias de dores estranhas, que vem e voltam, de ansiedades, de inseguranças, de hesitações, de não saber por onde começar, minha carência de atenção, de ter alguém que escute, examine, me revire do avesso e diga com segurança que tá tudo bem e que vai passar, ou que não, que tudo isso é resultado de uma condição rara, de um desequilíbrio dos humores do corpo, dos eletrólitos do sangue, de uma alimentação com poucos minerais, nesses dias a vontade de um hotel-spa-hospital tá gigante.
ouvindo: The maid needs a maid, Emily Haines.
lendo: Deus: um delírio, Richard Dawkins.
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