E se eu...

O shuffle do Winamp começou a tocar "O velho e o moço" agora, nessa manhã nublada de São Paulo; fazia tanto tempo que não ouvia essa música e então eu lembrei. Do dia em que ele cansou de ficar deitado, cansou de chorar, desistiu dos tubos e morreu de madrugada, e por mais que a gente sofresse tanto a idéa dele indo embora era tão incompreensível, não mais melancia de colher e caranguejo no quintal, não mais calça listrada de pijama no meio da casa, e a gente não aguentou a confusão de pensamentos e ficou cantando num banco do lado de fora da funerária, enquanto ele era maquiado, essa e Andrea Doria, e chovia, chovia tão forte, Natal nunca chove, mas nesse dia, meu deus, e a gente chorava e apertava a mão bem forte e continuava cantando, sem se importar com desafinos e voz tremendo. Tristemente bonito de ver essa cena na cabeça, hoje parece tão distante e tão cena de filme.

ouvindo: O velho e o moço, Los Hermanos.

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