Caindo e levantando

As coisas nunca estão tão ruins que não possam piorar, essa é a regra geral do pessimismo. Por piores que as coisas estejam, você sempre pode ainda quebrar um pé, arranjar uma cicatriz no meio da testa ou deixar de ver Nouvelle Vague e Hello Saferide tocarem bem ali em Recife. Mas tudo bem, tudo bem. A vida é um joguinho mesmo; e a gente não pode ganhar sempre, isso seria praticamente contra-probabilístico.

E o legal é que no meio do caos as coisas vão se arranjando. Depois da queda maior, de passar dias sem saber que rumo tomar, da sensação de fracasso. Da vontade de gritar que nunca vinha a termo, das lágrimas entaladas que só desciam quando algum filme ou música emulavam com mais força o que eu deveria sentir. Daquelas horas em que fugir do mundo era quase objetivo de vida.

E de repente eu sinto que algumas tragédias vem pra tirar a gente da acomodação. Agora tenho um cachecol da sorte, verde cor-de-esperança tomando sol ali fora; tenho uma empolgação que nem cabe em mim, me faz ter vontade de dançar no meio dos carros velozes das ruas. Porque apesar de todas as incertezas, o lance é arriscar, correr atrás de vontades antigas que pareciam já esquecidas no meio das coisas simples de todo dia. Vou ler filosofia e manter o ânimo, até que chegue novembro e suas flores e seus abraços guardados há séculos em baús bem fechados.

Façam pensamento positivo por mim.

ouvindo: Humble peasants, The Most Serene Republic.
lendo: Até o dia em que o cão morreu, Daniel Galera.

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