Bye ya

O grande problema das férias é que elas nunca são longas o suficiente. Sempre que eu vou pra casa e volto pra cá, há algo que fica mal resolvido. Amigos não revistos, paixonites não desenvolvidas, comidas não experimentadas, devoluções não feitas, coisas não arrumadas, filmes não vistos, livros não lidos, oportunidades perdidas, objetos que não cabem na mala e acabam ficando.

Talvez nem seja ruim. Antes isso do que férias em que já passou tanto tempo que você nem sabe mais o que fazer para que as horas passem (como aqueles 3 meses antes de entrar no CEFET, embora fossem totalmente diversas as condições). Talvez seja até bom; fica aquele sentimento de que é necessário voltar e fazer as coisas direito, na próxima vez.

Se bem que, parando pra pensar, a vida inteira não é assim? Uma tentativa eterna de corrigir os erros imbecis que a gente vai acumulando em umas caixas, pra resolver depois. Mas sempre há mais caixas do que tempo e disposição pra arrumá-las.

(Perdão pela metáfora, mas é que a realidade concreta influencia o cérebro. Meu apartamento ainda está o mesmo caos que eu deixei para trás quando fui pra Natal. Roupas pra guardar, cesto cheio de coisas pra lavar, geladeira que mofou DE NOVO porque eu simplesmente não tenho inteligência suficiente pra lembrar de deixar aberta quando viajo. Sapatos na cozinha, lata de leite e garrafa térmica no quarto, edredon no sofá da sala. Culturas in-crí-veis nas vasilhas que ficaram na cuba da pia durante um mês. Praticamente um abandono de lar.

Mas volta a ser habitável até o fim da semana, juro. A menos que eu fique saindo de noite, tipo ontem pra ver uma banda de blues, e só voltando às 2h30.)

ouvindo: Bye-ya, Thelonious Monk.
lendo: Bom dia, tristeza, Françoise Sagan.

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