Alguma coisa aconteceu, não sei quando, mas o fato é que eu simplesmente não consigo escrever mais. As pessoas perguntam, as que me conheceram com blocos de notas na bolsa pras horas de espera, as que perguntavam quando o livro ia sair. Era engraçado, bonitinho. Me fazia sentir bem. Fato é que não consigo, mesmo havendo muito a ser dito, nesses tempos de vida diferente e cidade nova.
Até tento, sabe, na falta da velha comunicação escrita não exatamente direcionada a alguém (embora às vezes fosse extremamente direcionada), iniciar conversas despropositadas com as pessoas, não me importar com o real sentido das coisas, apenas manter a função fática em nome da boa convivência, mas o peso disso às vezes me agonia. Aquele antigo sentimento de incômodo nunca foi extinto, sempre aqui me dando a impressão que não sou tão interessante quanto gostaria. Continuo me esforçando, porque é necessário. Mas, sem dúvidas, me sinto mais leve quando estou em silêncio.
Acho que ando meio egoísta, meio boba demais. Você se acostuma com o silêncio e, de repente, era legal nos seus 16 anos quando você passava horas com um arquivo de bloco de notas ou uma tela de blog na sua frente, escrevendo e relendo de madrugada, ouvindo Radiohead e tentando apenas colocar para fora todas aquelas histórias inventadas impregnadas de fatos reais, aquela vontade descontrolada de ir embora.
Agora eu fui embora, faço coisa que quero e uso a desculpa de que tenho pouco tempo livre para apenas ficar deitada contemplando a lua pela janela. Às vezes até vejo o sol nascendo de manhã, enquando vejo os minutos passarem mais rápido do que deveriam - atrasada pro ônibus, que sempre passa no horário, mais uma vez. E sinto que há muitas coisas que eu poderia falar, mas acabo fazendo outras coisas e o momento passa.
Crescer é isso?
Se acostumar com a correria dos dias e se sentir bem em guardar todos os poucos momentos poéticos só pra você?
ouvindo: Hearts were meant to be broken, Snow & Voices.

Nenhum comentário:
Postar um comentário