Mas então..

queria conseguir te explicar o que se passa por aqui, de uma maneira que parecesse sincera, comedida, aceitável. [sim, porque não exagero, minto e fujo o tempo todo.] e discorrer, com as palavras, pausas de respiração e expressões certas, sobre como às vezes esse meu instinto de auto-sabotagem se exacerba proporcionalmente à atenção que as pessoas me dão. e sobre como eu decepciono, e faço dos meus problemas uma avalanche inteira que me cega, me prende os braços, me tira o sorriso da cara e me faz esquecer do resto, como se eu fosse a única pessoa com quem se importar. é involuntário, eu juro. já tentei viver sem fazer drama, mas depois de anos de longa prática, é uma coisa muito intrínseca. não consigo.

mas sabe quando você projeta toda a sua felicidade para uma coisa e, de repente, quando consegue aquilo, tudo continua o mesmo? passada a euforia inicial, você se descobre tão pequeno e medroso como sempre, embora que agora em condições diferentes, e chora sozinho por razões que ninguém entende. e talvez seja só a ansiedade, a estupefação de finalmente conseguir realizar sonhos de anos atrás. quem sabe? mas, ao invés de sorrisos sobrando, fico com esse incômodo aqui dentro, um pessimismo bobo de que algo vai dar errado daqui a pouco, porque sempre há essa possibilidade. então me retraio de lidar com as pessoas que gosto, assim elas não vão precisar se preocupar comigo. é mais fácil ficar indiferente do que negar coisas que eu normalmente gostaria de fazer, mais fácil do que sair ao mundo e explicar o caos aqui dentro.

e isso não é para que você aceite, concorde, ou desculpe; só talvez para que você soubesse, e não sentisse raiva de mim. ou pode sentir, tudo bem, não lhe tiro a razão de fazê-lo.

ouvindo: Alla luce del sole, Josh Groban.
lendo: Licânia, Clauder Arcanjo.

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