às vezes, qualquer tentativa de fazer sentido
acaba sendo a maior sandice que você já pôde algum dia pronunciar.
às vezes, quando aquelas manchas nas paredes
e os desenhos de giz e de cera e de poeira
tentam dizer alguma coisa que você já nem sabe que esqueceu
há tanto tempo atrás.
às vezes, no momento em que tudo o que você precisa é de um abraço
mas o mundo insiste em girar
descontrolado como aqueles pratos sobre varetas
que você via no circo quando criança.
às vezes, tudo o que existe de mais ridículo
é exatamente o que você mais precisa.
instantes pequeníssimos em que a vida desanda.
e você quer que ela desande.
e desmonte, e desaprume.
porque tudo o que você precisa é de um pouco de desordem.
- o norte é pra lá, sei bem.
mas eu quero mesmo é seguir o meu nariz.
espaço pequeníssimo de tempo,
os dados foram lançados, todos eles.
as meias-verdades estão aí.
- mas, por favor, não as coloque no cesto,
junto com tuas camisetas que ainda guardam meu cheiro de ontem à noite.
os muros verdes do outro lado da rua.
meu nome escrito neles, tinta vermelha invisível.
oportunidades existem, às vezes.
estão todas lá fora,
e já não tenho os sorrisos falsos que elas exigem.
respostas?
não, elas não existem.
mas perguntas não me incomodam.
- não sei dançar, você sabe..
mas se eu pisar nos seus dedos, é só fingir que não sentiu.
[23.03.2005]
Lembrei desse texto ontem, quando cheguei tonta depois de tanto rodar no parque. Achei oportuno, deu saudade de vasculhar arquivos com coisas antigas (e ainda tão verdadeiras).
- We never change, do we?
ouvindo: Falling Horses, Efterklang.

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