Meu professor de História Geral diz que adolescência é um fenômeno de classe média e que muitas das crianças que trabalham desde os seis anos vendendo dindin na praia para ajudar em casa porque o pai é alcoólatra são mais maduras do que eu. Não sei se discordo. Toda essa angústia sem motivo, de onde vem? Por que sempre tão pequena? Misturo tédio e existencialismo, evito pensar para não me tornar socialmente perigosa e continuo com medo de ler Nietzsche e Sartre.
Minha mãe fala sobre não queimar etapas, ter paciência, pensar bem. Fala que eu deveria ser mais grata a Deus por tudo. Ok, mas não é tão fácil. Que eu sou bonita e inteligente. Haha, sempre achei que o amor deixa as pessoas cegas. Ninguém vê que meu cérebro é o mesmo de anos atrás, que eu falo e faço as mesmas besteiras de quando tinha 16 anos e que no fundo eu sempre achei essa história de "não era seu tempo" como um eufemismo barato demais para falar em fracasso.
Nunca como hoje acordei com tanta vontade de voltar no tempo e ter tido sonhos e prioridades diferentes. E uma vontade de jogar num desses minigames antigos que funcionavam com quatro pilhas e que a gente emendava com fita isolante quando partia ao meio depois de uma queda. Jogar Tetris e ouvir uma playlist suicide-like durante uma viagem de ônibus, avião ou navio, que durasse três, quatro dias, me deixasse mentalmente anestesiada e me levasse para qualquer lugar longe e diferente.
E aí fico aqui, num desânimo gigante, tendo uma inveja doída de quem faz o que eu gostaria de fazer, sendo dona de uma falta de concentração sem precedentes na minha vida, abandonando pela metade a 4ª narrativa que iniciei num arquivo de texto, fingindo que estudo e tenho alguma esperança. Pra no fundo ter certeza de que talvez eu vá acabar fazendo algo que não goste durante 8h do dia, apenas para ter dinheiro para umas ameixas e uns livros no início de cada mês.
Do yourself a favour and pack you bags
Buy a ticket and get on the train
- Cause this is fucked up, fucked up
É.
ouvindo: Black swan, Thom Yorke.

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